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Associação de Cerâmica Criativa Contemporânea

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Viajar com a cerâmica

Cerâmica de tradição








quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Georgina Queiróz - Arte da Terra - em Montalegre

Inauguração da exposição ENERGIA+, da ceramista Georgina Queiróz que se realizará no dia 9 de Agosto pelas 17 horas, no espaço ARTE da TERRA
na rua fundo da rua, nº 6 em PARADELA do RIO – Montalegre.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Faleceu Armando Correia - Gazeta das Caldas

Faleceu Armando Correia – um ceramista caldense completo

Faleceu na noite de sábado no Hospital Distrital das Caldas da Rainha, onde havia sido internado há alguns dias, o ceramista caldense Armando Correia. Tendo sido atingido por doença fatal e que rapidamente atingiu os seus órgãos vitais, quis lutar contra a adversidade, antes de ser vencido pela mesma.

Teve um percurso rico e variado na cerâmica e na arte, de que uma amiga e admiradora descreve nesta edição da Gazeta das Caldas. Outros testemunhos chegaram ou foram colhidos pelo nosso jornal junto de amigos e de colegas da sua saga na arte cerâmica. Por absoluta falta de espaço (ligada à publicação de um suplemento especial sobre o 10º aniversário da A8, agendado para este semana com o Região de Leiria), os mesmos serão publicados na próxima edição assim como excertos de uma entrevista que nos concedeu em Agosto de 2005.

A cerâmica caldense fica mais pobre, mas vai guardar um importante espólio e memória da sua obra nos últimos 50 anos. O funeral para o Cemitério de Nª Sº do Pópulo decorreu no passado domingo pelas 16 hortas, numa cerimónia comovente em que lhe foi prestada justa homenagem.

Gazeta das Caldas manifesta à sua família os mais sentidos pêsames.

Em jeito de Biografia… (1)

Armando Correia nasceu a 7 de Novembro de 1936, nas Caldas da Rainha. Seu pai, Avelino Correia, devia o seu nome ao facto de ser sobrinho e afilhado de Avelino Belo, grande ceramista caldense, discípulo de Bordalo Pinheiro. Foi no mais característico meio cerâmico caldense que Armando Correia nasceu, tal como foi cercado da azáfama que envolve o barro que percorreu a infância e a adolescência.

A sua iniciação na cerâmica, como era próprio de quem vivia ligado às empresas de carácter familiar existentes nas Caldas, fez-se desde muito cedo. A escola servia de complemento a uma aprendizagem profissional de carácter empírico e familiar.

Era uma aprendizagem única, gradual, quotidiana: uma aprendizagem feita de experiências de envolvimento afectivo inigualável. Era a criança que observava o cuidado posto pelo pai na pintura metódica e precisa das tradicionais peças decorativas da louça das Caldas. Era a criança que contactava com o grande apuro técnico de quem tem que aplicar o vidrado de chumbo a pincel em pequenas superfícies, deixando entre elas o sulco necessário ao seu natural escorrimento durante a cozedura. Era, afinal, o olhar maravilhado da criança que se espanta com a estranha alquimia que, pela magia do fogo, fazia surgir das peças pardas e cinzentas acabadas de pintar, as mais belas, intensas e variadas cores.

O valor inestimável de uma aprendizagem como esta revelar-se-á ao longo de todo o percurso artístico de Armando Correia, estando bem patente na sua obra a herança de quem nasceu no barro e o barro se habituou a amar.

Ingressou em 1951 na Escola Técnica das Caldas da Rainha, actual Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, onde completou em 1955 o curso de técnico de cerâmica. Desta frequência guarda Armando Correia gratas lembranças, destacando de entre os professores que mais profundamente o marcaram, nomes como os de David de Sousa, Jorge Vieira, Melo Júnior, Celestino Tocha e Macário Dinis.

Curiosamente, o seu primeiro emprego, quando terminado o curso, não foi na cerâmica mas na nascente indústria do plástico, na Marinha Grande.

Uma vez cumprido o serviço militar (1957), Armando Correia fixou-se no Alentejo, onde viveu dez anos, dedicando-se ao ensino na Escola Técnica de Viana do Alentejo.

Do Alentejo apreendeu um estado de alma, uma sabedoria difícil de percepcionar noutro lugar, a par de um grande gosto pela paisagem despida de artifícios e de uma profunda identificação e respeito pelas suas gentes, sempre presentes nas conversas com que saudosamente recorda esses tempos. Suponho que se tornou um pouco alentejano também…

Seguiu-se o regresso às Caldas em 1968, onde permaneceu dois anos durante os quais trabalhou por conta própria ou em sociedades pouco gratificantes do ponto de vista financeiro.

Fixou-se então em Alcobaça, tendo trabalhado numa fábrica na Fervença durante cinco anos. Em 1975 foi para Espanha com António Cardoso, também caldense e também ligado à cerâmica desde a infância, a fim de desempenhar funções de director do Departamento de Design numa fábrica de cerâmica nos arredores de Madrid. Lá permaneceu durante cinco anos e assim a Espanha tornou-se outra das suas referências, outra das suas paixões…

Voltou a Portugal e às Caldas em 1980, tendo passado a trabalhar na Secla, onde se ocupou da renovação da secção de moldes. A par desta actividade, começou a fazer regularmente, em atelier próprio, as peças por que é mais conhecido nos circuitos comerciais, peças em barro vermelho representando pequenos animais e pequenas figuras de homens e mulheres – as “Lilis”, as “Nanás”, os “Bonifácios” – de formas arredondadas e generosas, de carácter marcadamente jocoso, mas sempre transbordantes de ternura. São peças que se inscrevem da melhor forma na tradição caldense e que são exemplo real de que não só é desejável mas possível prosseguir uma tradição, renovando-a de forma profundamente criativa.

Armando Correia não se contenta com a preguiçosa repetição de modelos de êxito certo porque obtido por outros no passado, antes busca a sua própria identidade artística, descobrindo em troca as características inconfundíveis da sua arte que fazem com que, face a uma qualquer peça sua, ainda que de nós desconhecida, saibamos dizer sem receio de nos enganarmos: “Esta é do Armando!”

O seu nome surge também ligado à fundação do Cencal, cujo protocolo foi assinado no final do ano de 1981, tendo transitado da Secla para o Cencal onde desempenhou o cargo de chefe do Núcleo de Design até 1991.

Desde os anos 80, 90 desenvolveu com êxito outra faceta da sua obra: a representação cerâmica de presépios e de outros temas religiosos como a Paixão de Cristo, a Anunciação ou a Fuga para o Egipto. (2)

Em 1991 abandonou o Cencal para se dedicar inteiramente ao trabalho de atelier, mas acabou por aceitar o convite feito pela Comissão Instaladora da Escola Superior de Arte e Design para integrar o corpo docente dessa mesma escola.

Armando Correia concentra em si uma curiosa mistura de experiências que vão do ensino, ao qual se dedicou em diversas fases da sua vida, ao trabalho industrial de fábrica e ao trabalho artístico de atelier, para não falar da sua experiência na oficina do pai quando criança. Pode afirmar-se sem fugir à verdade que, por isso mesmo, personifica algo que muito especialmente caracteriza a cerâmica de entre as actividades humanas: a de ser simultaneamente artesanato, indústria e arte, coexistindo nessas suas diferentes dimensões no tempo e no espaço.

Entretanto, Armando Correia alcançou a maturidade expressiva a que qualquer artista aspira ascender. A presente exposição de peças criadas a partir das personagens dos autos de Gil Vicente parece-me ser a prova disso mesmo. Mas, muito há ainda a esperar do artista que já acalenta outro projecto igualmente ambicioso e igualmente inspirado: o de transformar em cerâmica poemas de Pablo Neruda e de Miguel Hernandez numa exposição que se chamará “Pedras do Céu”. (3)

Creio que em arte uma das principais componentes – se é que de “componentes de arte” se pode falar – é a ideia. E que melhor ideia do que esta de materializar em barro personagens de Gil Vicente? Creio também que, tal como os Autos de Gil Vicente significam o encontro da literatura com a vida, perante o nosso atónito olhar se desenrola agora o espectáculo do encontro da literatura com a arte, em forma de figuras em cerâmica, impregnadas de expressividade tal que eu teimo em crer que, através delas, é afinal Gil Vicente que nos espreita!



(1) – O presente texto, numa versão mais alargada, integrou o catálogo da exposição de peças de Armando Correia que representavam personagens dos autos de Gil Vicente. A exposição realizou-se em Sintra, entre 1994 e 1995 e foi organizada por Carlos Mota.

Mais tarde, também os mitos, nomeadamente os da Antiguidade Clássica, foram tratados com grande mestria e criatividade por Armando Correia.

Esta tornou-se uma das originais facetas que mais veio a ocupar o ceramista: destaca-se a parceria que realizou com o poeta Paulo Borges, residente nas Caldas.

Isabel Xavier

PH – Grupo de Estudos

Fonte : Gazeta das Caldas Online

domingo, 27 de julho de 2008

A Cerâmica está de luto



Faleceu Armando Correia no passado sábado 26 de Julho aos 72 anos.
Era um Artista que utilizava a Cerâmica como veículo de expressão. Pintava quadros e desenhava tambem, mas foi através da Cerâmica que se tornou conhecido. Dotado de uma enorme capacidade criativa e uma técnica impar, criava peças de grande beleza que demonstravam uma enorme sensibilidade.

Foi Vice Presidente da Associação de Cerâmica "Colectivo 3 cês" e foi certamente uma referência para muitos ceramistas que tinham grande respeito e admiração por ele e pelo seu trabalho. Ficará na memória daqueles que tiveram o previlégio de o conhecer. A Cerâmica, essa ficará certamente mais pobre.

Texto : Mário Reis

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